Mapplethorpe

terça-feira, dezembro 13, 2016

Robert Mapplethorpe (1946-1989) é célebre não apenas por seus icônicos retratos em preto e branco e suas controversas fotografias carregadas de conteúdo homoerótico, mas pela importância de seu nome na cena artística e contra-cultural nova-iorquina dos anos 1970.



 Mesmo homossexual, foi casado com a cantora e poeta Patti Smith – com quem viveu por anos no tradicional Hotel Chelsea -, responsável pelos retratos de capa de quase todos os seus discos. Ambos eram assíduos frequentadores da Factory, sede dos projetos performáticos e em múltiplas plataformas de Andy Warhol e um dos pontos mais emblemáticos e efervescentes da história de Manhattan.
Terceiro de seis irmãos em uma família de origem irlandesa, Mapplethorpe foi educado em uma escola católica no bairro nova-iorquino no qual cresceu, Queens. Após um breve interesse em música, estudou artes gráficas, pintura e escultura no Brooklyn Pratt Institute, mas abandonou o curso antes de se formar. Conheceu Patti Smith ainda na adolescência, e ambos viveram juntos de 1966 a 1974, época em que ela o sustentou trabalhando em lojas de livros. Mesmo após Mapplethorpe se assumir gay, ambos mantiveram um relacionamento extremamente próximo por toda a sua vida.


  Começou a se expressar artisticamente com esculturas e colagens de revistas eróticas, interessando-se por fotografia influenciado por John McEndry, curador da coleção gráfica do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. McEndry foi o responsável por presenteá-lo com sua primeira máquina fotográfica, uma Polaroid SX-70. Em 1972, conheceu seu mais importante mecenas, Sam Wagstaff, e começou a trabalhar com câmeras de grande formato. Montou seu próprio estúdio em 1976, já com sua principal ferramenta de trabalho, uma Hasselblad, e uma pequena teleobjetiva que servia basicamente para retratos, além de fundos neutros e flashes. Passaram por suas lentes nomes como Andy Warhol, Debbie Harry, Richard Gere, Grace Jones e Peter Gabriel. 


  Ganhou fama e popularidade ao contribuir para revistas como Vogue e Esquire, mas consagrou-se na cena cultural quando chegou aos museus. Em 1977, realizou duas importantes exposições: uma dedicada à fotografia de flores, outra a nus masculinos e iconografia sadomasoquista.
  Em uma época em que a homossexualidade ainda estava distante das manifestações artísticas do século 20, Mapplethorpe explorou ora com delicadeza, ora com brutalidade, o nu masculino, o sexo entre homens e o sadomasoquismo. Mesmo que esses temas bastassem para que causassem controvérsia, suas imagens também apresentavam um conflito: o duplo papel do retratista como observador e participante. A polêmica atingiu seu auge décadas depois, até mesmo após o falecimento de seu autor. Em 1990, a polícia invadiu uma exposição póstuma em Cincinnati e processou o museu Contemporary Arts Center of Cincinnati criminalmente pela mostra – um caso único nos Estados Unidos.

 Como evidenciam as imagens que ilustram este post, trata-se de um fotógrafo cuja complexidade e originalidade reside justamente na aparente simplicidade das fotografias. Sua expressão subtrai elementos que muitos considerariam indispensáveis, resultando em imagens ambíguas e misteriosas. Em seus últimos anos, já consagrado, desenvolveu temas e estéticas mais clássicas. Retratou celebridades contemporâneas, continuou seus estudos de flores e faleceu prematuramente aos 42 anos, vítima de HIV. 




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