STACY MARTIN SOBRE SUAS CENAS DE SEXO COM O SHIA LABEOUF

quinta-feira, março 06, 2014

  A revista fez uma entrevista com Stacy Martin Personagem principal do filme Ninfomaníaca do diretor Lars von Trier lançado dia 10 de Janeiro desse ano e com uma parte dois para 13 de Março também desse ano.


   Conseguir um papel no filme mais infame da década não é um jeito ruim de começar sua carreira no cinema. Em sua estreia nas telas, a modelo britânica Stacy Martin, de 22 anos, passou a maior parte do tempo gemendo e fazendo coisas estranhas com um esquadro em seu papel como a personagem-título de Ninfomaníaca, épico de quatro horas de Lars von Trier. Sombrio, deprimente e engraçado ao mesmo tempo, o filme segue as escapadas sexuais, frequentemente brutais, de uma mulher (interpretada por Martin e Charlotte Gainsbourg) do nascimento aos 50 anos de idade.



Vice: Qual foi sua primeira reação quando leu o roteiro de Ninfomaníaca?
Stacy Martin: Eu adorei! Li o roteiro antes de ir para Copenhagen para o teste e realmente me apaixonei pela densidade dele e pelos diversos elementos no filme – e o humor negro, que é bem específico do Lars.
O Shia LaBeouf disse que, quando recebeu o roteiro, tinha um bilhete dizendo que ele precisava mandar uma foto do pinto dele para o time de produção.
Ele disse isso?!
É. Acho que não foi a mesma coisa para você, foi?
Não, eu não tenho pênis [risos], então não recebi nada disso.
Nenhum pedido estranho?
Não mesmo. Só recebi o roteiro num envelope marrom – bem padrão.
Como suas cenas de sexo estavam escritas no contrato?
Tínhamos um contrato de nudez; estava tudo bem preto no branco antes de fazermos o filme, então, todo mundo sabia o que estava fazendo. Eles me disseram que eu teria uma dublê pornô – e que eu não faria nada sexual. Nós concordamos – e o Lars concordou – que usaríamos próteses e coisas assim.
A cena do boquete parece particularmente real.
É, parece real. Quer dizer, estou convencida de que parece real – mas não, não é real. Não era um pênis de verdade... eles fizeram vaginas e pênis falsos e usamos eles para isso.
Não teve CG?
Bom, fizemos o CG para os dublês pornôs, então, quando – por exemplo – você tem as tomadas mais amplas da Joe [a personagem de Martin] fazendo sexo, eles pegavam o que a gente tinha feito e o que os dublês pornô tinham feito e colocavam tudo numa mesma imagem, para parecer que estávamos, basicaente, fazendo sexo.
Como você se preparou para o papel de uma ninfomaníaca?
Quer dizer, não me preparei para o papel de uma viciada em sexo, eu me preparei para o papel da Joe, especialmente porque interpreto ela em seus anos de formação, quando ela tem de 15 a 31. [É durante] esse período que você descobre quem você é, e você experimenta muito. Então, interpretar uma viciada em sexo desde o começo seria errado, e o Lars me disse para não fazer isso. Ele disse: “Não quero que você interprete o que você acha que é uma viciada em sexo, porque a Joe não é assim e o filme não é sobre o estereótipo de uma ninfomaníaca; é sobre mostrar a humanidade da pessoa que tem um vício”. Acho isso válido, ele tinha razão.
Como você e o Shia se prepararam para cenas de sexo juntos?
Conversamos muito sobre isso. Nós obviamente... bom, por causa da natureza da cena – porque éramos nós dois usando próteses – era muito importante para o Lars, e para nós como atores, conhecer um ao outro, estar confortável e estar na mesma página, em vez de somente, “Ei! Vamos lá!”. Quer dizer, ele foi incrível, ele é muito dedicado ao que quer fazer. Com ele, você está ali imediatamente e sabe o que está fazendo. Você não está de brincadeira.
Então não foi estranho para vocês filmar aquelas cenas?
Bom, não foi o momento mais natural da minha vida, com certeza. Mas, como atores, se você vai pegar papéis como o da Joe e do Jerôme [o personagem do LaBeouf], é seu dever no trabalho honrar essas circunstâncias. E foi o que fiz, pelo Lars, pelo filme dele – por todas essas coisas. Eu não fiquei pensando, “Ah, vou fazer qualquer papel e ficar pelada” – definitivamente não.
Shia e Stacy em Ninfomaníaca.
E o Lars chutou todo mundo do set para filmar você e o Shia?
É, foi um set fechado, então, estávamos somente o Lars, eu e o Shia – ou quem quer que fosse que estivesse fazendo a cena comigo – e o operador de câmera. Foi tudo muito íntimo, muito calmo. O Lars trabalha com quem ele conhece há anos, então, há uma sensação meio familiar. Então, imediatamente, você sente como se tivesse entrado – parece estranho – nesse lugar seguro. Você pode falar o que quiser e eu pude ser muito honesta com o Lars.
OK. Deixa eu ver se entendi direito – você e o Shia tinham dublês pornô; como as coisas funcionavam para vocês quatro no set?
Por causa dos efeitos especiais, eles precisavam que os dublês fizessem a cena primeiro. Então eles faziam sexo – eles faziam o trabalho deles, basicamente, porque acho que eles são atores pornôs alemães – e, então, a gente entrava e fazia exatamente o mesmo, mas usando calça. E depois tudo era editado junto.
Você chegou a sair com sua dublê pornô?
Não, quer dizer, eu a conheci, mas a gente não saiu para tomar chá nem nada assim. É estranho ver como um set pode mudar rápido. Tipo, a atmosfera realmente mudava quando eles faziam essas cenas, e eu acabei ficando por lá tempo demais uma vez. Quando eles começaram a filmar, pensei: “Na verdade, isso é um pouco estranho demais – melhor eu ir embora”. Era como se eles estivessem fazendo um pornô e tudo o que eles faziam, eles faziam de verdade.
Quando você viu o pessoal transando, você pensou: “Vai ser eu na tela. Essa é minha cena de sexo”?
Você precisa pensar. Você lê o roteiro e sabe o que isso vai exigir de você. É estranho, mas é incrível. Quer dizer, eu posso realmente fazer esse filme sem comprometer minha integridade, e é tipo: “É, ótimo, obrigada – vai lá e faça o sexo por mim! Obrigada. Eu vou ali tomar uma xícara de chá e não fazer sexo”.
Stacy e o esquadro.
A matemática tem um papel estranho nas cenas de sexo e você até fez uma cena memorável com um esquadro. O que você acha dessa relação?
É engraçado, porque acho que o Lars não tomou a decisão de juntar matemática e sexo de forma consciente, mas há algo muito técnico no sexo e tinha algo muito técnico na maneira como tivemos que filmar essas cenas. É muito matemático, porque é como sobrevivemos como raça; nós nos reproduzimos constantemente – isso é técnico, isso é matemática de uma forma estranha e abstrata. Mas também foi a maneira como ele tirou todo o romance disso, do que você espera que seja uma cena de sexo na tela do cinema, com música e belos lençóis, e, de repente, eles já estão na cama. Ele tirou tudo isso e mostrou o que é de verdade, e a matemática faz exatamente isso.
Não é muito natural o jeito como o personagem do Shia mete a mesma quantidade de vezes – três pela frente e cinco por trás – nas cenas em que ele faz sexo com sua personagem.
Hum, é, é muito formal. Acho que o Shia deve saber melhor o porquê disso – é o personagem dele.
Como você se dava com o Shia nos bastidores?
Ele tem essa energia que eu diria que é – provavelmente estou errada – muito americana. Assim que ele chegou, ele foi muito dedicado – ele estava lá. Ele chegou, e nós, tipo, os europeus, estávamos relaxados e quietos. E ele meio que reviveu as coisas, porque ele estava muito empolgado por estar ali. Você faz a cena e não fica esperando, porque você ama esse papel e quer estar ali, em vez de “Ah, eu gosto desse filme, mas estou achando uma merda ficar aqui”.
Shia, antes da história do plágio e do saco de papel na cabeça.
Você acha que o Shia absorveu um pouco da natureza provocativa do Lars, dado o que aconteceu com ele desde então?
Com tudo que tem acontecido, acho que só ele tem as respostas, de verdade. E ele não vai dá-las facilmente. Quer dizer, nós filmamos quase um ano e meio atrás, então ele pode ter mudado completamente.
O que você acha do caso do saco de papel na cabeça?
Se ele teve essa ideia e estava 100% certo disso... faça. Quer dizer, não pensei muito nisso!
O Lars é conhecido por fazer personagens mulheres que passam por todo tipo de merda – você ficou nervosa com esse aspecto do papel?
Sabe, as personagens principais de Dogville [Nicole Kidman] e Ondas do Destino [Emily Watson] – sim, elas passam por várias merdas, mas também são mulheres muito fortes. Não é muita gente que passa por coisas assim e são corajosas e bondosas o suficiente para continuarem verdadeiras consigo mesmas. E acho que isso dá poder a elas, porque você as vê em situações escrotas – que, na maioria das vezes, são influenciadas ou acontecem por causa dos homens ou da cultura – e elas ainda conseguem superar isso e acreditar no que acreditam. O que é incrível, então, interpretar alguém assim é um presente. Porque, de outra maneira, eu poderia muito bem não atuar. Sabe, por que um pintor pinta? Você precisa comunicar, você precisa desafiar ideias preconcebidas.

Matéria retirada da revista Vice..

You Might Also Like

0 comentários

Subscribe